quarta-feira, 3 de outubro de 2007

EMAGRECER É PUNK

Agora falando sério: emagrecer é difícil demais.
A fórmula é simples - você come menos, gasta mais energia, você emagrece. Eu sei, todo mundo sabe. Líquido e certo. O problema é o mundo.
No mundo há batata frita e feijão tropeiro; picanha maturada e filé à parmegiana; pizza com massa grossa e muito, muito queijo derretendo. E tudo isso fica chamando o seu nome. E você pensa: é só hoje.
Dieta fácil é a do ser sozinho. Você não abastece a sua casa com guloseimas e nem tem ninguém ao seu lado na hora do jantar pra pedir um delivery de comida chinesa que vem cantando I'm singing in the rain enquanto você precisa comer um shake ou dois creme crackers sem graça. Ao retirar da sua vida o elemento humano, maior tentação de todos os tempos, é fácil atravessar esses temporais.
O doloroso é ter que viver com outros humanos e assistir ao prazer que eles têm na comida, enquanto você precisa escolher entre ser deprimida por não comer ou ser deprimida por estar acima do peso. Qualquer regime alimentar representa, numa instância simples da psiquê, a renúncia ao prazer de estar vivo, o prazer primeiro da vida, aquele que faz a gente não apenas encher o estômago, mas também o coração, quando se aninha no seio quente da mãe e sente o cheirinho reconfortante que ela tem. É talvez essa sensação que a gente busca ao se empanturrar de comida vida a fora, com a diferença de que o inóspito leite materno ganhou sabores variados.
Nesse período afastada dos posts, larguei a dieta. Primeiro por causa de uma viagem; depois porque voltei da viagem; depois porque estava triste; depois porque estava tensa... E encontrei pequenas felicidades em caixas de bis e barras de chocolate, no porco empanado do chinês perto de casa, na batata frita sequinha daquele delivery habitual. Tomei coca-cola normal compulsivamente, não fiz nenhum exercício que não fosse com os dedos e, claro, não apenas não emagreci nenhuma grama como, muito provavelmente, devo ter engordado.
Os dois dígitos que a balança me mostra me deixam profundamente triste, mas muito menos que ver fotos recentes. Alías, uma das conseqüências de engordar é não aparecer nas fotos de família e nem em foto nenhuma, sempre evitando o confronto com a imagem da qual tento me libertar.
Ok, muita gente que me conhece reitera e reitera que não estou gorda. Eu adoro, claro, e fico contente com a preocupação que demonstram em me fazer mais feliz. Mas os meus calos, só eu sei onde doem. E tenho um guarda-roupa inteiro aberto diante de mim, me lembrando que não caibo naquelas roupas do modo como costumava caber.
Abomino a imposição da mídia, mas estar magra, no momento, é essencial. E lá vou eu de novo pro shake shake shake!

Nálu, recomeçando, e nem é segunda-feira

2 comentários:

Klotz disse...

Isso tudo é bobagem. O que importa é a beleza interior. (humpfffff)

Klotz disse...

Este blogue deve mudar de nome para Anotações eventuais de uma gorda diariamente inconformada.

(é o sujo falando do mal lavado)